(Betto Gasparetto)

By Dall-E 3
I – Momentos Extremos
Quando a última luz do entardecer beijou a face das montanhas, e o vento, em seu curso indiferente, roçava a pele que ainda queimava pelo toque do teu amor, foi nesse exato momento que eu percebi: o teu silêncio era a sentença de algo que eu jamais ousaria prever. Ali, no limiar da minha alma, restou apenas o eco do que fomos, e do que eu imaginava que ainda poderíamos ser.
II – Lembranças Vitrais
Não consigo deixar de lembrar do teu olhar, aquele olhar que, um dia, me prometeu mundos sem mistérios. Como esquecer o dia em que nossos dedos se entrelaçaram pela primeira vez, numa cumplicidade tácita, onde o desejo transbordava cada palavra não dita? Teu perfume ainda vagueia pelas horas silenciosas, e, a cada suspiro, sinto tua ausência invadir meu peito como um veneno que não consigo expulsar. Ah, como eu desejei que voltasses!
III – Promessas ao Vento
Mas o ciúme, esse veneno antigo, também encontrou sua morada em ti. Era teu olhar que eu buscava em cada rosto que se voltava ao teu. E nas noites em que o orgulho te afastava de mim, eu questionava o amor que dizias ter. Seria ele tão frágil que não suportaria as tempestades? Ou seria teu coração cego demais para ver o quanto eu me entregava, o quanto eu desejava que fosses tudo o que prometeste? O teu abandono ecoa, como uma lâmina afiada, cortando os restos de felicidade que um dia compartilhamos.
IV – Partículas de Desejos
Ainda assim, como poderia eu odiar-te?
O amor que nasceu em mim, por ti, foi maior do que qualquer dor que me causaste. E, mesmo na tua ausência, era o teu nome que sussurrava no vento que passava entre as frestas da minha janela, era teu toque que minha pele ansiosa ainda desejava, como se cada partícula do meu ser soubesse que fomos feitos um para o outro, mesmo que tu tenhas esquecido.
V – Distâncias Inalcançáveis
O tempo nos trouxe desencontros, e, embora eu tenha lutado para não ver, sabia que a distância entre nós crescia como um abismo intransponível. Os dias tornaram-se longos e vazios, e cada tentativa de alcançar-te era frustrada por teu silêncio frio. No entanto, havia momentos – raros, mas intensos – em que teu sorriso voltava a aquecer o meu mundo.
Por breves instantes, acreditava que ainda podíamos ser felizes, que as promessas não haviam sido esquecidas. Mas logo depois, o silêncio voltava a tomar conta, e eu me via perdido no labirinto de sentimentos que construí em torno de ti.
VI – Frágeis Momentos
Quantas vezes me perguntei o porquê.
Por que escolheste partir quando mais te precisei?
Não era o teu amor forte o suficiente para resistir aos ventos que nos sopravam na direção contrária?
Ou seria eu o culpado, com minha entrega completa, meu desejo insaciável de ter-te por inteiro?
Às vezes, penso que meu amor te assustou, que o peso da minha paixão foi grande demais para teus ombros frágeis. Mas, mesmo assim, como pôde o amor, que deveria ser refúgio, tornar-se prisão?
VII – Sombras Paralelas
Ah, quantas noites vaguei pelas ruas desertas da cidade, buscando nos sussurros do vento a resposta que nunca viria. E cada esquina me lembrava de ti. Cada lugar que pisamos juntos carregava a marca do que éramos, do que poderíamos ter sido. Os sorrisos que trocamos agora são sombras, e o som das nossas risadas ecoa apenas em minha mente.
VIII – Pétalas em Pedras
E, no entanto, eu te amava. E ainda te amo. Mesmo depois de tudo, mesmo depois da dor que me causaste. É por isso que, em meu coração, sempre haverá um espaço reservado para ti, para o que fomos, para o que nunca seremos. O amor é estranho, não é? Mesmo quando despedaçado, ele persiste, como uma flor que cresce em meio às pedras.
IX – Horizontes Partidos
Quando olho para o horizonte, imagino o que seria de nós se tivesses ficado. Se tivesses resistido à tentação de partir, se tivesses sido forte o suficiente para enfrentar os desafios ao meu lado. Mas o que resta são perguntas sem respostas, e um vazio que ninguém mais pode preencher.
X – Pertencimentos
Tua ausência foi o golpe mais duro que já recebi, mas, ao mesmo tempo, me ensinou algo sobre mim mesmo. Descobri que, mesmo sem ti, posso sobreviver. Que, embora meu coração ainda pertença a ti, sou capaz de caminhar sozinho, de encontrar a beleza nas pequenas coisas, nas manhãs silenciosas, no canto dos pássaros que anunciam o amanhecer.
XI – Quadros Vazios
No fundo, talvez eu saiba que nunca voltaremos a ser o que éramos. Talvez nosso tempo tenha passado, e o amor que tínhamos agora exista apenas nas lembranças. Mas, por mais que isso me entristeça, também me traz uma estranha sensação de paz. Porque, de alguma forma, sei que te amei com tudo o que eu tinha. E isso, por si só, já é uma vitória.
XII – Mea Culpa
Agora, enquanto a noite cai mais uma vez, eu aceito o que se foi. Não há mais culpa, não há mais ódio. Apenas a certeza de que amei, e que fui amado. Mesmo que por um breve momento. E isso, meu amor, é o suficiente para mim.
Nunca te abandonei, porque o amor habita em mim…
E tu sabes o quanto…
Voltes para mim… ainda há tempo de nos construirmos!
(Betto Gasparetto – x/xxiv)