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14 MONÓLOGOS DO PEREGRINO NA SALA DOS PASSOS PERDIDOS (07/14)

Posted in Sem categoria on 31 de dezembro de 2024 by Prof Gasparetto

(Betto Gasparetto)

Átrio 7 – Bastardos Juízes

By Dall-E 3

I
(…)
II
Ah, que estranha é a face do julgamento,
Quando aqueles que sentam sobre o trono da lei
Não são senão bastardos da justiça,
Filhos do erro, herdeiros da vaidade!
Vós, que, com palavras cheias de veneno,
Dizeis o que é certo e o que é errado,
Com as suas bocas sujas de engano,
Com os seus corações podres de prepotência,
Que direito tende de pesar a balança da verdade,
Quando a sua própria essência está corrompida?
III
Ah, como sois raposas no campo da moral,
Que, com um sorriso de superioridade,
Tendeis a proclamar, como deuses, o veredicto,
Mas vossas mãos tremem ao tocar o peso da razão!
Bastardos, vós não sabeis o que é justiça,
Pois a verdadeira justiça é o olhar do justo,
E não o olhar impuro de quem,
Perto do poder, perdeu a alma.
Como podem aqueles que são filhos do erro
Impôr o peso da verdade sobre os inocentes?
IV
O que é a lei, senão um reflexo do que somos?
E se somos prejudicados, como pode a lei ser pura?
Vós, que ergueis os olhos para julgar,
Com que coragem o fazeis, quando o pecado
Mora no mais íntimo dos vossos corações?
A verdade escapa de seus lábios como veneno,
E a mentira, cheia de ouro, escorre de suas mãos.
Vocês não são juízes, mas carrascos,
Com penas de prata, que destroem as almas
Com a mesma facilidade com que arruínam os corpos.
V
Que ironia é esta, que se diz de vós como justos,
Quando, na essência, só são servos do egoísmo?
Bastardos juízes, vossas sentenças são vazias,
E o que é dito de vós se dilui no vento,
Pois, no fim, a verdadeira justiça não reside
Nos tronos que vós ocupais, mas no coração
De quem, ao ser julgado, permanece digno,
Enquanto vós, com vossas falácias,
Caem como figos podres da árvore da mentira.
VI
O seu império é de fumo, é de ilusão,
Construído sobre areia movida de interesses sujos.
E o povo, que segue cegamente,
Não percebe que o próprio sistema que cria
Está condenado a ruir sob o peso da sua hipocrisia.
Ao final, bastardo juiz, o que restará de vós
Será apenas o eco de uma mentira que jamais poderá ser redimida.
VII
(…)

(Betto Gasparetto- xi/xcvi)

14 MONÓLOGOS DO PEREGRINO NA SALA DOS PASSOS PERDIDOS (06/14)

Posted in Sem categoria on 31 de dezembro de 2024 by Prof Gasparetto

(Betto Gasparetto)

Átrio 6 – Geração de Ostentações

By Dall-E 3

I
Ah, que geração é esta, onde a dor é uma herança,
Onde os filhos nascem não da luz, mas da escuridão!
Vós, filhos do aço e do sangue derramado,
Que nascem com as mãos manchadas de culpa,
E os olhos cegos pela indiferença,
Não só são senão os algozes de sua própria linhagem.
Onde estão os heróis, aqueles que, com coragem,
Erguem a cabeça contra a tirania e a injustiça?
Agora, em seu lugar, vós sois os carrascos,
Derramando o veneno da ignorância e do ódio,
E com suas mãos imundas, calcais os sonhos
Que, outrara, poderia ter sido grande.
II
O que foi que fizestes de vosso espírito,
De vossas almas que, por sua vez, deveriam ser puras?
Ah, vós sois criaturas forjadas no fogo da dor,
Mas não em busca de redenção,
Mas em busca de destruição.
Seus passos não são ecos de sabedoria,
mas os passos pesados ​​de quem já sabe que não há salvação.
Vós sois os algozes de vossos próprios pais,
E, sem saber, já estais condenados a carregar
O peso de um fardo que vós mesmos criastes.
III
(…)
IV
(…)
V
Não é por força que se impõe a justiça,
mas por coração, por entendimento profundo.
Mas onde está o coração? Onde está a compaixão?
Ah, não, vós sois apenas sombras,
Almas vazias que se alimentam do sofrimento,
E vossos olhos, ao invés de verem a luz,
Apenas refletem o ódio que vós mesmos semeais.
Onde, então, a espera pode florescer
Se o solo é escasso de verdade e entendimento?
VI
Você é uma geração que se regozija na destruição,
Seus nomes serão lembrados não pela grandeza,
Mas pela dor que deixou para trás de si.
Vós que fazemeis da mentira a vossa espada
E da indiferença o vosso escudo,
Sois os algozes de uma geração perdida,
E, ao fim, não há reino, nem coroa,
Somente o vazio de um mundo que foi dado em sacrifício
Pelas mãos de quem nunca soube o valor do perdão.
VII
O que vós semeiais, oh geração,
É uma colheita amarga de desespero,
E, quando o sol da verdade brilha sobre vós,
Ver-se-á que nada resta, senão escombros,
Pois vós não criastes, mas destruístes,
E ao vosso redor o silêncio ecoará
De um mundo que, por sua causa, se desintegrou.

(Betto Gasparetto- xi/xcvi)

14 MONÓLOGOS DO PEREGRINO NA SALA DOS PASSOS PERDIDOS (05/14)

Posted in Sem categoria on 31 de dezembro de 2024 by Prof Gasparetto

(Betto Gasparetto)

Átrio 5 – A Mercadora das Moedas

By Dall-E 3

I
Ah, a mercadora das moedas, o mestre da troca,
Que, com mãos ávidas, empilha os frutos da ambição!
Vós que, com um sorriso falso e um olhar de rapina,
Governais o mundo com os dedos manchados de ouro,
Vós sóis o verdadeiro rei, não da terra, mas da ganância,
E a coroa que ostentais é feita não de metais nobres,
Mas de mentiras polidas e intrigas bem urdidas.
Que poder reside em seu cofre,
Senão a ilusão de quem julga ser soberano,
Mas, na verdade, é apenas servo de seu próprio desejo?
II
Ah, como o ouro, sedutor, vos toma a alma,
Como a brisa leva as folhas mortas do outono,
E vós, que pensam serreis senhores do destino,
Não passais de escravos do peso das vossas riquezas.
III
Que a moeda seja o seu guia,
E o poder, o seu deus; mas, ah, que tolos sois,
Pois, enquanto a prata brilha em suas mãos,
A alma murcha, o coração apodrece
E o espírito se desintegra, perdido na busca eterna
Por aquilo que não pode ser consumido.
IV
Oh, mas que miséria é do senhor das moedas,
Que se vê, dia após dia, contando os fios de ouro,
Mas jamais conta as horas que perdeu na busca,
E jamais compreende que o tempo não se compra.
V
Vós sois ricos, sim, mas pobres no mais profundo dos sentidos,
Porque, ao acumular riquezas, vós vos afastadois
Da verdadeira abundância: a paz, a amizade, a virtude.
Vossas moedas são o peso que carregais,
E cada passo dado sobre o solo do desejo
É mais uma pedra na vossa alma,
Até que ela, pesada e corrompida, não consiga mais voar.
VI
(…)
VII
Mas que rir é esta que se escapa de seus lábios,
achando que o ouro pode comprar a honra ou o amor?
Ah, que tolice! Pois, na balança da vida,
O peso da verdade jamais se equilibra
Com o peso das riquezas que vós ostentais.
E, ao fim, quando o ouro se desfizer em pó
E os seus castelos de cartas ruírem ao vento,
Quem sereis vocês senão um homem vazio,
Sem alma, sem coração, e sem a única riqueza
Que é digna de ser possuída: a verdade.

(Betto Gasparetto- xi/xcvi)

14 MONÓLOGOS DO PEREGRINO NA SALA DOS PASSOS PERDIDOS (04/14)

Posted in Sem categoria on 31 de dezembro de 2024 by Prof Gasparetto

(Betto Gasparetto)

Átrio 4 – As Grameiras e o Poder

By Dall-E 3

I
Ah, que cena grotesca é esta,
Onde a grameira se faz senhora,
Erguendo-se em sua vergonha como um cetro,
E o poder se curva diante de seu corpo nu!
Vós, que vos vendem por nossos ouros e promessas,
Que colheis os frutos amargos da luxúria,
Sois mais poderosos que os reis de pedra,
Pois quem vos olha não vê senão o desejo cego,
E por esse desejo, tudo se compra, tudo se perverte .
II
(…)
III
Que poder é este, o que está relacionado sobre suas coxas,
Onde o reino da moralidade se dissolve
E a virtude se perde na dança de um corpo esquivo?
Quem pode resistir ao perfume de uma flor
Que floresce no ventre da corrupção,
Onde cada beijo é uma assinatura
De uma aliança que não conhece lealdade?
Oh, mas não é mais que marionetes douradas,
Com corações secos e mãos manchadas de mentira,
O seu poder é o reflexo do que destrói,
E a sua força, frágil, se esvai ao primeiro suspiro.
IV
Vós sois as mestras da ilusão,
Onde o amor se transforma em moeda,
E a alma se vende por um tesouro de promessas vazias.
Mas, ah, que doce ironia é essa!
Porque o poder que ostenta, do alto dos seus leitos,
Não passa de uma fachada, um espetáculo da vaidade,
Onde todos os que vocês olham veem o brilho,
Mas não compreendem o podridão que o sustenta.
Vós sois rainhas de um império de sombras,
Onde a verdade se esconde por trás do véu
Do prazer efêmero que vos alimenta.
V
(…)
VI
Ah, mas o que é o poder, senão um jogo cruel?
Onde, por um momento de gozo, tudo se perde,
Onde os corações se desfazem e as almas se esquecem,
E quem vos venera se torna escravo do vazio
Que se esconde em cada curva e olhar.
E, ao fim, o seu reinado se desintegra,
Porque quem construiu castelos sobre areia
Não conhece o peso do tempo, nem a dor do arrependimento.
VII
Oh, como são poderosas, sim,
Mas, ao fim, o que é o poder de quem não conhece
O valor da verdade, da lealdade, da honra?
Vós sois senhoras de um império falido,
E, quando a máscara cair, o que restará de vós?
Uma sombra, um suspiro, um eco distante
Do poder que você pensa possuir,
Mas que, na verdade, nunca passa de uma ilusão
Erguida sobre a areia movida do pecado.

(Betto Gasparetto- xi/xcvi)

14 MONÓLOGOS DO PEREGRINO NA SALA DOS PASSOS PERDIDOS (03/14)

Posted in Sem categoria on 31 de dezembro de 2024 by Prof Gasparetto

(Betto Gasparetto)

Átrio 3 – Guerras Adúlteras

by Dall-E 3

I
Ah, que guerra é esta travada nos leitos,
Onde o corpo é o campo de batalha,
E os corações, vítimas de traições,
São esfolados sem piedade, sem honra!
A guerra adúltera, como um espectro sombrio,
Caminha nas sombras da intimidade,
E lança suas flechas envenenadas
Nos casamentos, nos juramentos, nas promessas.
II
(…)
III
Não é o aço que corta, mas o beijo infiel,
Não são os gritos de guerra, mas os silêncios carregados,
Onde os amantes se escondem na vergonha,
E as alianças são rasgadas pelo desejo.
Oh, mas às vezes o leito se torna campo de luta,
E as almas, em fogo, se perdem no abismo
De uma paixão que não conhece limites,
Mas apenas trai o que deveria ser sagrado.
IV
O que é a fidelidade exceto uma farsa,
Quando o coração, insaciável, busca o outro,
E, em sua busca incessante, vingança o próprio laço
Que o tornava puro, que o mantinha em paz?
Os olhos que olham além do que têm,
Vêem sempre mais longe, mas nunca o suficiente,
E, ao fim, encontram a dor do vazio,
Onde antes havia a plenitude da confiança.
V
Ah, mas que dor se esconde na guerra adúltera!
Não é a dor de um ferimento físico,
Mas a dor de um coração ferido por mil facas,
Cada uma cortando um pedaço da alma,
Até que nada reste, senão um eco distante
De promessas quebradas e amores negados.
E quem, depois de tal batalha, pode dizer que venceu?
Quem, no final, pode erguer a cabeça
Sem ver as cicatrizes de uma guerra perdida?
VI
Não há paz nos corações traídos,
Pois a guerra adúltera não deixa vestígios de vitória,
Mas uma lembrança constante do que se perdeu.
E os guerreiros dessa guerra, com suas almas despedaçadas,
Carregam para sempre o peso de sua própria culpa,
Como espectros que nunca dão descanso,
Sempre buscando um perdão que não encontrará.
VII
O campo de batalha é um leito de rosas sem espinhos,
Onde o desejo se torna a arma mais letal,
E, no final, não importa quem venceu,
Pois a guerra adúltera, em sua perversidade,
Deixa todos os combatentes em ruínas,
Sem honra , sem glória, sem salvação.

(Betto Gasparetto- xi/xcvi)