Arquivo para maio, 2025

AS ÚLTIMAS LÁGRIMAS DE VIDRO ESCORRERAM PELA VIDRAÇA (10/11)

Posted in Sem categoria on 31 de maio de 2025 by Prof Gasparetto

Theodore Blackmantle (04/1999)

ADÁGIO  X – A AMIZADE EM ESTADO DE DÚVIDAS

By NC Flux Schnell+ Starlight XL, Atomix XL v4 Lightning

Como cadáver exposto à madrugada,
A amizade que outrora florescera
Hoje jaz em cova abandonada,
Numa dança de larvas que desespera.

Vermes da dúvida comem os pactos,
E os ossos do afeto, frágeis e intactos,
Estalam como frágeis contratos
Rasgando-se sob os mais vis impactos.

Foi um apodrecimento sem clamor,
Silente, interno, sem sangue ou dor,
Mas de uma podridão mental e sentida.

Ó amizade, que exalava ternura,
Hoje fedes à mais vil estrutura
Que a alma repudia — corrompida!


AS ÚLTIMAS LÁGRIMAS DE VIDRO ESCORRERAM PELA VIDRAÇA (09/11)

Posted in Sem categoria on 30 de maio de 2025 by Prof Gasparetto

Theodore Blackmantle (04/1999)

ADÁGIO  IX – O CÉREBRO NUMA GAIOLA DE OSSOS DE VIDRO

By NC Flux Schnell+ Starlight XL, Atomix XL v4 Lightning

Minha razão, esse órgão glutinoso,
Trancafiado em gaiola de cartilagens,
Gritava num idioma moroso
Ao sentir tuas pútridas mensagens.

O sulco encefálico — outrora impassível —
Reverberava teu nome detestável,
E os neurônios, num tropismo sensível,
Se contorciam num caos inominável.

Ah! Tua traição não rasgou só meu peito,
Mas fez do meu córtex um leito
De vermes e ideias putrefatas!

E, como um cadáver que estertora,
Minha mente, que tanto te devora,
Esfarela as lembranças malcriadas.


AS ÚLTIMAS LÁGRIMAS DE VIDRO ESCORRERAM PELA VIDRAÇA (08/11)

Posted in Sem categoria on 29 de maio de 2025 by Prof Gasparetto

Theodore Blackmantle (04/1999)

ADÁGIO  VIII – O PERDÃO QUE ANSEIA CAMINHO DE VIDRO

By NC Flux Schnell+ Starlight XL, Atomix XL v4 Lightning

Se vieres, meu amigo perdido,
Não encontrarás portões cerrados.
Meu peito, ainda que vencido,
Ergue pontes sobre lagos calados.

O perdão já mora em meu desvario,
E clama por ti em tom bravio,
Pois não há dor, nem desafio,
Que seja maior que o amor tardio.

Ergo-me agora com mãos abertas,
Não para acusar, mas para certas
Verdades que só o tempo redime.

Volta, pois há em mim espaço,
Para teu riso, tua sombra e teu laço,
Pois onde há dor, ainda há lume sublime.


AS ÚLTIMAS LÁGRIMAS DE VIDRO ESCORRERAM PELA VIDRAÇA (07/11)

Posted in Sem categoria on 28 de maio de 2025 by Prof Gasparetto

Theodore Blackmantle (04/1999)

ADÁGIO  VII – HÁ UM DESERTO ENTRE NÓS NO MÊS DE DEZEMBRO

By NC Flux Schnell+ Starlight XL, Atomix XL v4 Lightning

Há entre nós um deserto de silêncios,
Areias que queimam os pés do arrependido.
Mas ainda assim sigo os teus vestígios,
Como quem busca um milagre perdido.

Tu foste o oásis da minha infância,
A água que saciou minha esperança,
Mas agora és miragem, distância
De um sonho que me cansa.

Mesmo se tua palavra for mirra,
E teu perdão for dor que delira,
Aceitarei teu passo, tua fronte.

Pois quem ama, mesmo ferido e torto,
Caminha por desertos em suor absorto
Até que encontre seu horizonte.


AS ÚLTIMAS LÁGRIMAS DE VIDRO ESCORRERAM PELA VIDRAÇA (06/11)

Posted in Sem categoria on 27 de maio de 2025 by Prof Gasparetto

Theodore Blackmantle (04/1999)

ADÁGIO  VI – O JARDIM QUE NÃO FLORESCEU

By NC Flux Schnell+ Starlight XL, Atomix XL v4 Lightning

Plantamos juntos o jardim da estima,
Com sementes de riso e madrugadas,
Mas a tua ausência é seca que sublima
As flores que nunca serão acordadas.

Reguei esperanças, pesei os ventos,
E clamei à terra pelos teus intentos,
Mas tua mão, que outrora foi sustento,
Hoje não vem, não toca, não alento.

O jardim tornou-se campo de pedras,
E as flores dormem sob dores ledas,
Sonhando com o regresso do jardineiro.

Volta, mesmo que como tempestade,
Pois minha alma clama por verdade,
Ainda que venha de modo derradeiro.