(Betto Gasparetto)
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I
Escrevo-te no vento, sem papel,
Pois sei que o céu conserva o que é sincero.
Cada palavra é estrela no cordel
Que o tempo amarra ao gesto mais austero.
Tuas sílabas são pétalas de lume,
E a noite as lê com voz devocional.
No rumor do silêncio que resume,
Te encontro inteiro, puro e imortal.
Nenhum vocábulo explica a emoção,
Que escreve amor em plena solidão.
II
A pena dança em leve arritmia,
Quando recordo o toque dos teus dedos.
E o verso nasce em luz e sinfonia,
Curando os males de antigos segredos.
Teu nome é brisa em página sonora,
Que sopra o verbo e o torna mais humano.
E a cada linha, a aurora se demora,
Suspensa entre o mistério e o profano.
Eu sigo, escrevendo o que é eterno,
Num idioma terno e sem inverno.
(Betto Gasparetto- vii-mmxvii)
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