(Betto Gasparetto)

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I
Te espero quando o mar canta mais baixo,
E a onda traz murmúrio de saudade.
Teu nome surge em sal, vento e encaixe,
E o sol mergulha em pura claridade.
O horizonte anuncia tua chegada,
E o céu, atento, move o firmamento.
Até o tempo, ao ver-te, dá risada,
E o mundo ganha novo encantamento.
O mar, que é velho, aplaude e confia:
O amor é vento e geografia.
II
Te espero nas manhãs de chuva leve,
Quando o cheiro do tempo é de promessa.
A alma, que já foi frágil, agora escreve
Poemas sobre o amor que não regressa.
Mas sei que virás, firme e de repente,
Como a estação que volta sem aviso.
E o peito, em júbilo, contente,
Há de ser casa, abrigo e paraíso.
Pois o amor, quando é sincero e inteiro,
Sabe esperar sem prazo e sem roteiro.
III
Te espero entre os sons da madrugada,
Quando o mundo dorme e o sonho fala.
Teus passos ecoam, voz encantada,
E o coração desperta e se embala.
É quando a fé se torna claridade,
E o corpo lembra o que é pertencer.
A noite guarda em si tua verdade,
E o peito aprende o verbo: renascer.
Pois a espera, quando é pura e calma,
É templo vivo no interior da alma.
IV
Te espero no futuro que não tarda,
Com o mesmo amor que agora me sustenta.
E mesmo que o tempo me retarde,
Minha esperança nunca se aposenta.
O amor não mede idade nem distância,
Ele só sabe o ritmo da entrega.
E a vida, em sua doce consonância,
Mantém em pé o sonho que carrega.
Te espero, sem razão, mas consciente:
O amor é fé que vive eternamente.
V
E quando enfim chegares, em silêncio,
O mundo se calará para ouvir.
As flores abrirão em novo início,
E o tempo há de sorrir por existir.
Então saberei que a espera é vida,
Que a ausência foi lição e claridade.
O amor, rei de paz e despedida,
Fará do instante nossa eternidade.
E o reino enfim será revelação:
Esperar-te é viver em devoção.
(Betto Gasparetto- vii-mmxvii)