Arquivo para 24 de dezembro de 2025

Teu Nome é Xeque-Mate Sobre meu Peito

Posted in Sem categoria on 24 de dezembro de 2025 by Prof Gasparetto

(Betto Gasparetto)

By Kontext 2v1+InG Flux Schnell+ Starlight XL, Atomix XL v4 Lightning

I

Teu passo ensinou fé, como quem tece,
E o medo recusou-se ao que entristece.
Eu aprendi contigo a disciplina,
E a alegria serena que ilumina.
Descubro, a cada esquina, que te encontro,
Mesmo quando pareço estar de pronto.
Teu corpo não é porto de fuga:
É porto de chegar, paz que madruga.
E quando a noite fecha sua cortina,
Teu colo abre janela azul e fina.

II
Nele me deito e vejo constelações,
Que a pele acende em brandas pulsações.
E o mundo, lá de fora, se revela,
Menor, gentil, sem pressa de cautela.
Se a saudade vier pedir cadeira,
Damos café, palavra verdadeira.
Ela, educada, aprende o seu lugar,
Entende que é possível descansar.
E quando a aurora estende seu tecido,
O dia nasce claro e consentido.

III
Teu nome é bússola sobre meu peito,
E o norte se tornou maior e estreito.
Eu sei que nada é fácil ou perfeito,
Mas tudo é bom quando há respeito.
O destino escutou nossa conversa,
Assinou, sorridente, a tua versa.
Eu disse sim, você disse também,
E a estrada nos chamou de vai e vem.
Não quero eternidade em monumento,
Quero o instante fiel, nosso sustento.

IV
Quero varrer a varanda convosco,
E ouvir do chão o ruído do tosco.
Quero dobrar lençóis, levar ao sol,
E devolver à tarde o seu farol.
Quero regar a planta do costume,
E acender, à noite, o nosso lume.
Quero viver contigo o que vier,
O que se dá, o que se puder.
E quando o tempo vier nos medir,
Que nos encontre prontos a sorrir.

V
Com mãos de quem cuidou do que é semente,
E olhos que aprenderam ser paciente.
E quando o fim chamar nossa atenção,
Que seja só começo noutra estação.
Porque o destino é casa transitória,
E o amor, nosso telhado de memória.
Te vi chegando em luz de fim de tarde,
E o coração ficou para a viagem.
Desde esse dia, tudo o que seguiu,
Foi estrada que o teu passo abriu.

VI

O final é de esperança madura.

VII

Sensação: o destino, afinal, não erra o caminho.

(Betto Gasparetto- viii-mmxxii)