(Betto Gasparetto)
VII – Silêncio Vazio (em 3 atos)

by Dall E-3
ATO 1
Ó silêncio vazio, presença etérea,
Que enche o ar com tua calma severa,
Em teu manto invisível, tudo se perde,
E o mundo inteiro em tua paz se encerra.
És um eco que nunca ressoa,
Uma ausência que em tudo ecoa.
Em tua vastidão, meus pensamentos vagam,
Como sombras perdidas, que em nada se apagam.
Oh, silêncio, teu toque é frio e constante,
Um abraço de vazio, suave e ofegante.
Por que em tua quietude me consomes,
Deixando-me perdido em noites insones?
Tua ausência de som é uma presença gritante,
Um vácuo que se espalha, calmo e flutuante.
Como o sopro do vento em um deserto árido,
Tua essência é etérea, mas sem fim, válida.
ATO 2
Oh, silêncio vazio, teu domínio é vasto,
E em tua serenidade, meus medos eu afasto.
És uma tela em branco, um espaço sem fim,
Onde minha mente divaga, procura um jardim.
Em tua calma, há uma força oculta,
Que revela o coração em sua luta.
Oh, silêncio, teu vazio é um espelho,
Que reflete a alma, sem brilho ou conselho.
Cada instante teu é uma eternidade,
Um momento suspenso na imensidade.
Oh, silêncio vazio, por que me cercas?
Em tua quietude, encontro minhas perdas.
És a ausência que tudo permeia,
Um suspiro de dor, que no ar vagueia.
Em tua vastidão, o tempo se dissolve,
E a realidade, em tua sombra, se envolve.
Oh, silêncio, tua calma é enganosa,
Pois em teu vazio, há uma angústia ardorosa.
Tuas sombras são profundas, tuas noites, longas,
E em teu abraço, minhas esperanças desmoronam.
Mas há uma paz em tua presença austera,
Um alívio no vazio que desespera.
Oh, silêncio, em tua serenidade fria,
Encontro a essência da minha agonia.
Cada momento teu é uma reflexão,
Um convite à introspecção.
Em teu vazio, encontro a verdade nua,
A crueza da existência, sem nenhuma luva.
Oh, silêncio vazio, tua paz é uma faca,
Que corta a ilusão, e a realidade destaca.
Em tua quietude, vejo meu verdadeiro eu,
Um reflexo da alma, sem véu ou escudo.
ATO 3
Oh, silêncio, em teu vazio eu mergulho,
E nas profundezas de minha mente, eu me oculto.
Cada pensamento é um grito abafado,
Cada memória, um eco calado.
Em tua ausência de som, ouço minha dor,
Um lamento contínuo, sem qualquer cor.
Mas há uma beleza em tua calma austera,
Uma serenidade que tudo tolera.
Oh, silêncio vazio, teu manto é vasto,
E em tua presença, meus medos afasto.
Pois em teu vazio, encontro uma paz,
Que nenhuma presença jamais desfaz.
Assim, ó silêncio, em tua calma me rendo,
E em teu vazio, meu ser compreendo.
Cada instante em tua presença é uma revelação,
Uma descoberta de minha própria condição.
Oh, silêncio, teu vazio é um santuário,
Onde encontro a verdade, em seu tom solitário.
Em tua quietude, há uma resposta oculta,
Uma sabedoria que a alma exulta.
Oh, silêncio vazio, teu domínio aceito,
Pois em tua ausência, encontro meu perfeito.
E em tua vastidão, meu espírito voa,
Livre do ruído, em paz, sem garoa.
(Betto Gasparetto – ii/xx)